04/10/2011
Análise: Lara Croft's Tomb Raider Anniversary
Tomb Raider nasceu em 1996, portanto, em 2007 a série completou 11 anos. Estranho lançar uma edição comemorativa de 11 anos, mas explica-se porque Anniversary teve vários atrasos, então estava, ao menos, PLANEJADO pra ser lançado no décimo ano da franquia. Deixa quieto. Tomb Raider nasceu da vontade de fazer um jogo de ação e exploração, ao estilo de Indiana Jones, com chicotes e tudo o mais, porém em 3D, que era algo novo na época. Na verdade, o conceito original do personagem estava tão próximo do Indiana, que tiveram que bolar algum jeito de não parecer plágio. Daí o criador teve uma idéia genial: "Ei, se é pra ver a bunda de alguém durante várias horas, eu prefiro que seja de uma mulher bonita!". E assim nascia Lara Croft.: Tomb Raider foi considerado inovador na época, pois era um jogo de tiro, mas você via a pessoa que estava atirando. Se não foi o, foi um dos primeiros jogos de tiro em terceira pessoa. Ou assim ele era comercializado. A verdade é que a ação é mero coadjuvante em qualquer jogo Tomb Raider (qualquer jogo BOM de Tomb Raider), a verdadeira graça do jogo está na exploração, na aventura, na resolução de enigmas...você passa horas sem dar um único tirinho, e quando dá, é por um brevíssimo momento. E não sente falta nenhuma. Anniversary é mais um remake de Tomb Raider Legend do que do Tomb Raider original (tanto que no Xbox 360, Anninversary foi vendido na Xbox Live como expansão de Legend). Foi usada a mesma engine para gráficos, para jogabilidade, enfim, pra tudo. Só maquiaram com a roupagem e a história do original. Mas, e daí? Os gráficos e a jogabilidade são EXCELENTES e eu quero é mais!
Gráficos é a mudança mais óbvia entre Anniversary e o Tomb Raider original, e agora temos uma Lara Croft menos quadrada e cenários ainda mais lindos e mais amplos. O que impressiona é o detalhismo: Lara muda as expressões faciais quando anda agachada, quando é ferida, quando nada, quando está pendurada em beiradas...E quando você sai da água, a roupa e os cabelos de Lara estão molhados, sua pele está reluzente e os pingos d'água caem no chão de seu corpo. O jeito que sua trança se move conforme você se movimenta...enfim, é algo lindo de se ver. Os cenários, então, são mais magníficos ainda: vastos, enormes, imensos! Cada detalhe é possível de se ver ao longe, ou chegar mais perto pra ver melhor. As folhas das árvores, as rochas, cada tijolinho das construções antigas...Tudo isso sem ser atrapalhado por nenhum loading sequer, correndo numa fluidez absurda. Por causa desse grande detalhismo, demora um tempo pra você pegar o "espírito" do jogo, pois você pensa será que aquela fenda na parede é escalável, ou é só parte decorativa do cenário? E acredite: tudo é interativo.
Quando terminar de babar, você pode sair pra explorar. Tem quatro grandes fases neste jogo: Peru, Egito, Grécia e Atlântida, exatamente como no original. O impressionante é que quando você muda de país é a única vez que o cenário "pula" de um lugar pra outro. Dentro das fases, é tudo interligado, mantendo um ritmo constante. A história permanece 99% inalterada do jogo original, e fala sobre a busca de Lara pelo artefato chamado Scion. Não posso dizer exatamente porquê ela está procurando isso porque eu não prestei atenção. Essa é a *mágica* do jogo: a história não é nem um pouco importante. Tem cenas de animação normalmente só quando você vai de um país pra outro; enquanto você está dentro de um cenário, é jogo puro, sem interrupções. Como eu disse antes, a exploração se destaca mais do que qualquer outra coisa no jogo, e você se sente atraído por explorar, por subir mais alto, por resolver enigmas. Mesmo nalgumas cenas, o ritmo não pára: uma das formas que o século 21 recebeu Lara Croft foi apresentando o conceito de cenas interativas, exatamente igual a Resident Evil 4. Durante o video, o jogo te pedirá para apertar determinado botão em determinados momentos, e caso falhe, é Game Over, não deixando você abaixar o controle um segundo sequer! Outro fator moderno introduzido na jogabilidade foi o gancho, diretamente tirado de Tomb Raider Legend. Ele serve pra se pendurar e para puxar coisas longe de você. Muitos quebra-cabeças do jogo exigem o uso do gancho, então não pense que será um jogo fácil só porque você decorou os quebra-cabeças do jogo original. Porém, ao mesmo tempo que o gancho acrescenta melhorias à jogabilidade, trás consigo defeitos. Em determinados momentos, haverá lugares nas paredes para prender o gancho e você correr pela parede pendurado (sim, Prince of Persia total). Com isso, você pode realizar o "wall jump", que é um movimento onde Lara dá um pulo em 90° na direção oposta à parede. O problema é que a medida que você vai de um lado pro outro da parede, a câmera te acompanha e muda de posição constantemente. Portanto, o jogo sempre muda a noção de "oposto" conforme você anda pela parede, e você vai falhar fatalmente algumas vezes antes de obter êxito em pular. E eu quero dizer NAQUELE SALTO EM ESPECÍFICO, quando você for fazer outro wall jump, vai ter que se adaptar todo de novo.
Esse tipo de ação acrobática sempre foi mais importante do que a ação de combates em Tomb Raider, e Anniversary amplia isso, mesclando a ação acrobática com os combates! Vamos falar sobre esses combates: você começa com as duas pistolinhas icônicas da Lara com munição infinita, e ganha mais a Shotgun (escopeta) no decorrer da história. Ainda tem mais duas armas que você acha na base da exploração (e estão bem escondidas, então é melhor procurar direito!). Essas outras armas tem munição limitada, mas a munição é abundante, então não há muito problema. Enquanto atira, você pode usar das artes malabares de Lara pra esquivar dos ataques dos inimigos, mas esse sistema também foi atualizado e melhorado: quando o combate se intensifica, o inimigo faz uma investida especial contra você e a tela ficará embaçada. Nesse momento, o jogo entra em câmera lenta e você deve se esquivar e atirar na hora certa para desferir um "headshot" no inimigo. É um sistema de batalha muito emocionante, e é EXTREMAMENTE necessário nas batalhas contra os chefes. Batalhas essas, aliás, muito originais, contra chefes muito inspirados.
E, claro, falta a parte mais importante do jogo: os quebra-cabeças! Mas, não dá pra falar deles em separado, porque a sua beleza é que eles se mesclam ao cenário de tal forma que fica impossível não se maravilhar. Acionar quatro alavancas é o quebra-cabeça, ou CHEGAR onde elas estão que é? Eu preciso fazer a água subir pra poder alcançar aos altares onde estão escondidos os botões que abrem passagem pra as salas onde está o mecanismo de acionamento para a porta que me leva ao quebra-cabeça que me dará um pedaço do Scion, ou tudo isso foi um enorme quebra-cabeça? Afinal, devo avaliar as ruínas de cada país como cenários com quebra-cabeças, ou será que TUDO é um enorme enigma cuja resposta é uma só? E a pergunta mais importante: ONDE ESTÁ A MALDITA TERCEIRA ENGRENAGEM??? Diacho, até os CHEFES entram nessa confusão, pois, matar um dos chefes é o único jeito pra você conseguir um caminho para avançar lugares avançados da fase! (não, não tive um momento "Master of The Obvious ", no sentido que você deve batalhar com o chefe pra seguir caminho...o chefe, em si, É o caminho!)
O Aniversário da Incursora de Tumbas de Lara Croft prova que quem já foi rainha, nunca perde a majestade. Tomb Raider começou, o 2 ampliou, o 3 começou a capengar, Angel of Darkness foi o fundo do poço, Legend se arriscou com cara e coragem, e Anniversary vem pra fixar Tomb Raider pra sempre no rol dos bons jogos de videogame e Lara Croft como um dos ícones da cultura popular moderna. A fórmula atemporal da franquia conseguiu o que parecia impossível: atualizou-se e melhorou. Sonic, está anotando?
NOTA: 9,0
Vale a pena?
Aventura e exploração da melhor qualidade, e de brinde tem belos gráficos e uma gostosa com uma automática em cada mão.
Não vale a pena?
A praticamente ausência de combates, e a grande dedicação que os quebra-cabeças exigem podem afastar alguns...
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